Talvez por isso esse desassossego, essa busca incessante por algum lugar em que minha alma encontre paz. Como se, mudando os móveis, as roupas, os amigos e o horizonte, eu pudesse escapar desse momento do dia que, na verdade, existe em qualquer lugar do globo.
Achei que em Brasília escaparia e quase foi verdade. Em quase dois anos, creio que hoje foi a primeira vez em que ele me alcançou. Como se nos conhecêssemos, mas eu houvesse fugido enquanto ele estivesse preso em algum tipo de manicômio. Em liberdade, porém, a primeira coisa que fez foi sair no meu encalço, até me encontrar.
E alcançou-me exatamente enquanto dirigia pelo parque. Tão real e palpável, que pude sentir sua aproximação. Mas não fugi, nem senti vontade; ao contrário, fiquei feliz como alguém que reencontra um velho amigo. E deixei-me envolver por ele. Pude até sentir o cheiro da dama-da-noite.
Quem sou eu

- Thelma Yeda
- Certas palavras não podem ser ditas em qualquer lugar e hora qualquer. Estritamente reservadas para companheiros de confiança, devem ser sacralmente pronunciadas em tom muito especial lá onde a polícia dos adultos não adivinha nem alcança. Entretanto são palavras simples: definem partes do corpo, movimentos, atos do viver que só os grandes se permitem e a nós é defendido por sentença dos séculos. E tudo é proibido. Então, falamos. Carlos Drummond de Andrade
domingo, 22 de junho de 2008
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