Tudo isso porque hoje me perdi nas páginas de "Memórias de minhas putas tristes", de Gabriel García Márquez. Adoro os livros de Márquez e de Llosa, mas, e talvez justamente por isso, têm sempre um efeito devastador sobre mim.
O tom de nostalgia, acrescido de descrições brilhantes, é para mim como uma lembrança. Como se eu tivesse passado por tudo que eles viveram. Na verdade, o que há em comum entre nós é o modo de se referir ao passado; é a saudade latente que salta das linhas impressas nas folhas frias para tomar vida dentro de mim.
Apenas em duas épocas do ano sinto isso tão profundamente: na última semana do ano, em meio às festas do Natal e do Ano Novo, e no inverno. E sempre no final da tarde. Àquela hora em que o dia ainda não acabou, mas tampouco é noite. O céu ainda tem mais de uma cor que o azul, o sol é apenas um fantasma que teima em não encontrar seu fim, e as primeiras estrelas são apenas perceptíveis.
Ainda criança, costumava subir no ponto mais alto do muro da casa de minha avó para ver o pôr-do-sol e sentir a noite me envolver. Não tinha ainda 15 anos, mas já sentia tudo isso. Não sabia que era nostalgia e fico a imaginar como pode uma criança sentir algo parecido. Talvez fosse a nostalgia de minha alma velha pelas minhas vidas passadas...
Quem sou eu

- Thelma Yeda
- Certas palavras não podem ser ditas em qualquer lugar e hora qualquer. Estritamente reservadas para companheiros de confiança, devem ser sacralmente pronunciadas em tom muito especial lá onde a polícia dos adultos não adivinha nem alcança. Entretanto são palavras simples: definem partes do corpo, movimentos, atos do viver que só os grandes se permitem e a nós é defendido por sentença dos séculos. E tudo é proibido. Então, falamos. Carlos Drummond de Andrade
domingo, 22 de junho de 2008
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