A música parou.
- Vamos embora, a festa acabou - Adriano segura o irmão pelo braço.
- Espera, deixa eu terminar esse copo.
Com um suspiro fundo, Adriano deixa o corpo cair na cadeira, enquanto André beberica com esforço sua bebida.
As luzes se acendem e pela primeira vez na noite, Adriano consegue ver as pessoas. "Interessante".
- Me diz uma coisa, André. Com qual dessas aí você estava enrabichado?
André derruba o copo e começa a rir. Joga o corpo para trás e olha em volta, com o dedo apontado, procurando.
- Aquela... não. Opa, aquela, não tambem....
- Me diz como ela é. Chamava Diana, é?
André atira-se de bruços na mesa, rindo até engasgar. Aos poucos, levanta a cabeça e, com a mão cambaleante, aponta para a porta.
- Tá vendo aquele cara ali, de terno branco? É o Diogo, com quem eu dividi o apê por dois anos. Pois então... Pois então, é ele a "Diana" que eu te falei...
André derruba novamente a cabeça na mesa e recomeça a rir. Adriano levanta-se, pega a paletó pendurado na cadeira, olha para o irmão e junta-se à multidão que deixa o salão, sem olhar para trás.
Quem sou eu

- Thelma Yeda
- Certas palavras não podem ser ditas em qualquer lugar e hora qualquer. Estritamente reservadas para companheiros de confiança, devem ser sacralmente pronunciadas em tom muito especial lá onde a polícia dos adultos não adivinha nem alcança. Entretanto são palavras simples: definem partes do corpo, movimentos, atos do viver que só os grandes se permitem e a nós é defendido por sentença dos séculos. E tudo é proibido. Então, falamos. Carlos Drummond de Andrade
segunda-feira, 24 de março de 2008
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