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Certas palavras não podem ser ditas em qualquer lugar e hora qualquer. Estritamente reservadas para companheiros de confiança, devem ser sacralmente pronunciadas em tom muito especial lá onde a polícia dos adultos não adivinha nem alcança. Entretanto são palavras simples: definem partes do corpo, movimentos, atos do viver que só os grandes se permitem e a nós é defendido por sentença dos séculos. E tudo é proibido. Então, falamos. Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Mothern 2

Quando tive meu primeiro filho, tudo foi estranho. Eu era muito nova, com uma gravidez não planejada... claro que fiquei feliz porque ia ter um bebê. Mas na verdade, não sabia o que isso significava. Enquanto uma parte de mim estava radiante com o bebê no colo, outra ficava gritando tudo que eu estaria perdendo a partir daquele momento.

Agora sei o que significa ter um bebê. Então é diferente.

Com a pequena nos braços, observando seu sono, sinto uma coisa difícil de descrever. Pensei, pensei, e acho que, mais que amor, mais de ternura, é uma sensação de dever cumprido. Como se a minha existência só se justificasse por isso, pela minha reprodução. É gozado, eu não chego a pensar isso, mas eu sinto.

E quanto tive um menino, foi diferente também. Sentia isso, acho que só. Agora, olhando a menina que é a minha cara e que com certeza será uma cópia muito fiel de mim, pensei outra coisa: é como se, depois que eu morrer, eu continuasse na Terra. Claro que não terá a menor importância, porque eu estarei morta. Mas é engraçado como isso é confortante... é a certeza de que, mesmo após eu partir, estarei aqui para ser lembrada, algo assim.

Acho que a felicidade da maternidade é a certeza de um sopro de vida pós-morte. Ter filhos é uma maneira de continuar viva, mesmo que apenas em suas memórias, fotos e vídeos, por pelo menos mais meio século. Simples assim.

Um comentário:

M.N.B. disse...

Belíssima descrição da maternidade, Thelma. Emocionei. Sinto uma parcela disso quando veja minha sobrinha parecida fisica e emocionalmente comigo. É louco, mas é a continuidade, sim. No mais, é só plantar uma árvore e escrever um livro! rs.. Beijo grande. Continue escrevendo.