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Certas palavras não podem ser ditas em qualquer lugar e hora qualquer. Estritamente reservadas para companheiros de confiança, devem ser sacralmente pronunciadas em tom muito especial lá onde a polícia dos adultos não adivinha nem alcança. Entretanto são palavras simples: definem partes do corpo, movimentos, atos do viver que só os grandes se permitem e a nós é defendido por sentença dos séculos. E tudo é proibido. Então, falamos. Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Frio

Se você for duas vezes à mesma padoca, em dias seguidos, o cara do caixa vai puxar papo. Ao final de um mês, vocês vão ser grandes amigos.

Quando mataram o coronel lá que estava investigando as chacinas na Zona Norte de SP, o Estadão entrevistou o dono da padoca onde ele tomava café todos os dias há anos. Quem traçou o perfil do coronel para o público não foi seu irmão, sua mulher, ou outro da família. Foi o dono da padoca quem falou sobre o coronel.

No final do ano, fui jantar com meu marido perto do trabalho. Nem pra jantar tinha comanda. A gente disse o que tinha comido, e pronto. E o cara perguntando se ele tinha ido para o interior, se tinha visto a família, se o Natal e o Ano Novo tinham sido legais. A mesma coisa quando fomos tomar café na padoca.

Meu marido estava morando em São Paulo há quatro meses e, pô, o cara do caixa do boteco e o cara do caixa da padoca sabem tudo da minha vida por tabela!

Aí tem uns seres anormais que dizem que o paulistano é frio.

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